Heróis sem capa

Miguel Rios

O herói deste mês, Miguel Rios, compartilha sua trajetória no atletismo, destacando a motivação pelo desempenho humano e a superação de limites. Para ele, treinar vai além da pista: é ensinar valores, oferecer ferramentas para o crescimento dos atletas e celebrar suas conquistas pessoais, sempre com paixão e dedicação.

herois sem capa - Miguel Rios

AAVC: Qual é a maior motivação que o leva a ser treinador? O que é que o move?

MR: Eu comecei a ser treinador com 16 anos, fiquei responsável por levar os treinos que o meu treinador deixava para todos os meus colegas. Fiz o meu percurso académico, Licenciatura em Educação Física e Desporto, com opção de Atletismo de Rendimento, sempre a pensar que um dia poderia ser treinador de atletismo. Infelizmente não posso ser só isso, a nossa modalidade não valoriza o trabalho, ainda se vê o atletismo de forma muito amadora. Mesmo assim motiva-me desempenho humano, o ser capaz de vencer barreiras, o melhorar todos os dias, observar as pequenas conquistas dos meus atletas, e não me refiro às medalhas, mas ao vencer os seus medos e limitações.

Acredito muito no processo, e passo esta mensagem a quem trabalha comigo. É necessário ter calma, dar tempo e acreditar no que estamos a fazer, pois em ritmos diferentes todos somos capazes de alcançar.

O desporto é uma grande escola para a vida. Ensina valores como resiliência, persistência, desafia-nos a sermos cada dia melhores, obriga-nos a seguir rotinas e a ter hábitos saudáveis, a fazer escolhas e acreditar nelas, a definir objetivos e a lutar por eles.


AAVC: Que lições tenta ensinar aos seus atletas?

MR: Apesar de ser professor de formação, não ensino lições, antes dou ferramentas, considero o treinador um “facilitador”, que acompanha o processo dos atletas criando as melhores condições para que eles possam desenvolver todo o seu potencial. Abordamos os pilares do processo de treino, que não cabe apenas numa pista de atletismo, nem se encerra nas duas horas de treino, vai além disso. Atletismo de rendimento é uma forma de vida, onde noções de descanso, recuperação, nutrição, hidratação, suplementação, psicologia desportiva, são fundamentais. A minha luta constante é para que o conjunto de ferramentas disponíveis para o meu grupo de trabalho, seja cada vez maior e melhor.


AAVC: Qual é a parte mais difícil de ser treinador?

MR: Lidar com a incompetência. Desde a frustração de nem sempre conseguirmos demonstrar em competição tudo o que trabalhámos, até ao conjunto de pessoas com quem temos de lidar que não desempenham o seu papel ao nível desejado. Tenho altas exigências para comigo e para com o meu trabalho, e muitas das vezes dou comigo a desejar que os outros também sejam assim… Isso seria um cenário ideal, o qual não acontece, mas também percebo que ainda somos muito amadores.


AAVC: Qual é o seu maior medo?

MR: Não ter vontade de estar na pista. Nós, seres humanos, somos movidos por paixões, uma das minhas é o atletismo.


AAVC: Qual foi o seu momento favorito como treinador?

MR: A expressão do atleta quando se supera, seja a fazer um recorde pessoal, seja a executar uma tarefa pela primeira vez com êxito. Estas são as minhas medalhas, é aquilo que me move e me traz maior prazer.


AAVC: Vamos ouvir a voz da sabedoria: Qual é a sua frase do dia?

MR: Aqui deixo uma frase de um dos meus ídolos de juventude: “Eu posso aceitar o erro, todos erramos em alguma coisa. Mas não posso aceitar não tentar.” – Michael Jordan.


herois sem capa - miguel rios

Ser treinador para Miguel Rios é muito mais do que orientar treinos: é acompanhar o crescimento humano, superar desafios e inspirar cada atleta a acreditar no seu potencial. Entre frustrações, altos padrões e pequenas conquistas, ele encontra motivação na paixão pelo atletismo e na alegria de ver cada atleta superar barreiras. Como ele próprio diz, errar é humano, mas não tentar é inaceitável — uma lição que ressoa tanto dentro como fora da pista.


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